Tomás adora música. E adora o violão do pai, o qual ele chama carinhosamente de volão.
E ele pede volão, volão, volão insistentemente. Assim como são todos os seus pedidos. Quando João está em casa, é uma bagunça só. E o pequeno cantarola um Ré, um Dó, um Sol aleatoremante com o pai, e ensaia uma dancinha, agachando e subindo, e mexendo os bracinhos. E ri, e abre e fecha o case do violão, e entra no case do violão, e segura nas cordas enquanto o pai toca.
E quando o pai não está em casa, eu, a mãe, desprovida de todo e qualquer talento musical, tenho que fingir aptdões inexistentes e pegar o raio do volão. E cantar. E fingir que toco. A bagunça comigo, não é completa, mas quebra um galho.
E então que dia desses depois da nossa “aula de iniciação musical”, eu já cansada e querendo partir para outras atividades, dei um basta, prometendo que “amanhã” a gente brincaria mais de violão. Como sabemos, o amanhã, o depois, o mais tarde, o daqui a pouco, e demais variantes, simplesmente não existem no universo de uma criança de dezenove meses.
E então que Tomás embirrou. E protestou. Mas não teve jeito, e o violão foi guardado. Mas para Tomás, o assunto estava longe de ser encerrado. E muito esbravejou, e muito choramingou. Eu tentando consolar o pequeno músico, soltei:
– Tomás, agora nós vamos preparar o jantar, tá bom? Vamos ajudar a mamãe; vem brincar na cozinha com as panelas e as colheres de pau.
– Não não, não (com dedo em riste, para que não me restassem dúvidas). Volão, volão, volão, VOLÃO (numa escala acima).
– Tomás, agora não. E com o sorriso mais terno: Vem aqui com a mamãe.
E choramingo, choramingo, e nhé, nhé, nhé sem fim.
E daí que eu me cansei. Posso minha gente, me cansar quando meu menino resolve ser tão pitizento? E daí que eu falei impaciente, já:
– Tomás, agora não é hora de brincar de violão. E pode parar com esse mimimi!
E a resposta de Tomás, entre um resmungo e uma lágrima falsa, foi:
– Só, Só, Sol.
Não deveria, mas não consegui segurar o riso. Não mesmo!
E o ser humano em questão só tem dezenove meses.
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Post em homenagem ao pai do Tomás que está viajando há dias. E há dias deixou uma casa sem música e sem bagunças. E há dias deixou uma mãe e um filhote padecendo de uma saudade contínua. E há dias deixou dois corações desafinados batendo fora do ritmo.
Own, que coisica mais doce é esse músico, Gabriela! Muito Dó, Ré, Mi…Só com muito sol praele!, rsrsrs…
Pode te dar uma sugestão( desculpe-me a ousadia ao entrar no terreno mãe e filho)? Compre um violão de brinquedo pra o pequeno. Há alguns que fazem um som maravilhoso. Também posso te indicar o blog de duas mamães que são musicistas, a Cíntia e a Carla. Elas estão no meu facebook também. Aliás, pode pedir pra ser amiga delas e, quem sabe pedir dicas para elas sobre iniciação musical para crianças. A Carla, entre as viagens com o quarteto, também tem um projeto com crianças na área musical.
Eu acho super bacana a música para as crianças! Elas sentem de uma maneira muito intensa a melodia, mesmo sem discernir.
É tão, mas agradável ler tuas narrativas sobre o Tomas!
Um beijo,
A.!
Olha o blog: ( elas não falam de música lá, não, mas apenas pra você conhece-las e, quem sabe,trocar ideias pelo face sobre o assunto)
http://minhasmaeseeu.blogspot.com.br/
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Sabe que esses dias eu ensinei a Bia que o violão faz “blém blém blém” e ela fica esfregando os dedos na barriga enquanto imita. Daí nós três estávamos andando de bicicleta e ouvimos o sino da igreja. Meu marido soltou: “Escuta Beatriz! É o sino da igreja!” e cantarolou “blém blém blém” e a pobre menina começou a esfregar os dedos na barriga… 😦
Fim!
beijo
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Ohhhh minha amiga que a música, o ritmo volte a reinar logo nessa casa… Um abraço e olha… insista, incentive sim o pequeno Tomás ao universo musical. Beijos
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coisa linda esse texto.
muito amor para esses corações todos!
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